
Esses dias, no meu trabalho, como ocorre corriqueiramente, aconteceu uma briga entre dois dos meus alunos. Um deles é um pouco revoltado e teimoso, fala muitos palavrões e logo bate nos outros quando não recebe o que deseja. Estamos trabalhando bastante com ele, sempre falando novamente que não é legal falar palavrões e bater nos outros, afinal se ele deseja ter amigos precisa ser amigo também. No início, quando comecei a trabalhar, sempre falava: "Não faça mais isso, Deus se entristece com esse tipo de comportamento", mas percebi que não quero deixar as crianças com uma imagem de um Deus que só aceita o bem e não perdoa o mal, um Deus malvado e autoritário, e sim uma imagem de um Deus gracioso e bondoso que perdoa todos os nossos pecados e nos ama incondicionalmente. Nesse dia em especial, esse aluno ficou de baixo da minha mesa sem querer sair de lá e começamos a conversar. Eu comentei com esse aluno que Deus nos ama incondicionalmente e que devemos amar uns aos outros assim como ele nos ama, e isso inclui não falar palavrões e bater nos outros. Também comentei com ele o quanto é importante perdoar-nos uns aos outros assim como Cristo nos perdoa dia-a-dia. A resposta dele foi curta e sarcástica: "Deus não existe." Eu fiquei surpresa com essa reação e a princípio demorei pra formular uma resposta. Na teoria, eu já sabia disso, mas na prática consegui perceber como os pais não podem se equivocar na educação de seus filhos, quer dizer, a escola tem papel fundamental, mas os pais tem o papel principal. E a escola pode falar do amor de Deus, mas se os pais dizem que Deus não existe, a criança entra em um grande conflito. Bom, voltando... decidi argumentar da seguinte maneira: Tudo bem, você diz que Deus não existe... mas olhando para o céu, os passarinhos que cantam, a natureza tão perfeita, sem contar no corpo humano e seus mínimos detalhes (ok, sobre o corpo humano não falei, mas pensei, hehe) como você pode dizer que Deus não existe? Que tudo apareceu do nada? Falei de como a vida é sem sentido sem Deus, no sentido de mostrar que existe um grande vazio na vida sem Deus. E Deus enviou seu próprio filho pra morrer em nosso lugar pra nos perdoar de todos os pecados. E o seu amigo, que anteriormente havia brigado com ele e assistia toda a conversa concordou e também tentou mudar a opinião dele (o que me alegrou muito!). Falei que ele perdoa todos os tipos de pessoa, tanto ladrões como assassinos, até pequenas mentiras e brigas. Então ele comentou que coisas tão graves Deus não perdoa. Como é difícil colocar esse assunto de uma forma tão simples. Ou melhor, acho que é tão simples que não conseguimos entender tanta simplicidade, pois estamos cheios de preconceitos e senso de justiça diante de ações como MATAR e ROUBAR. Enfim, expliquei a ele da melhor maneira que consegui, que Deus nos trata como iguais, somos tudo farinha do mesmo saco.
Conclusão: O menino saiu da conversa sem perdoar o amigo e sem pedir perdão também. Mas sei que ele ficou pensativo. E em um outro momento ele estava brincando do jogo da memória com um grupo de amigos, e disse perdão para o outro amigo.
Sabe, Deus age de formas incríveis e inimagináveis... apesar de que esse menino talvez tenha suas dúvidas, posso ver que a fé é o princípio de tudo. E não é uma decisão fácil, seu processo pode ser nada tranqüilo. Brennan Manning exemplifica isso muito bem:
"Confiança inabalável é uma coisa rara e preciosa, pois quase sempre exige um grau de coragem que beira o heroísmo."
Gosto muito também da música abaixo, ela fala um pouco sobre esse processo de fé.
Curtain - Tenth Avenue North
É uma tarefa diária em que devemos nos colocar e um desafio bem grande! Mas se entregar nos braços do Pai vale a pena.
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